sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Era de Aquário!

A ERA DE AQUÁRIOS E O ANO DE 2012

http://fmarcondesvelloso.blogspot.com

Flávio Marcondes Velloso

  À luz da obra de José Augusto Lopes Sobrinho, tudo está no éter e não há contornos. Por certo o ano de 2012 virá e, com a velocidade com que anda a Terra, bem mais cedo do que procuramos protelar, adiar, perceber, admitir.

  Faz-se corrente a observação de que nenhuma data anterior a essa foi tão importante para tantas culturas, cientistas e governos, ao mesmo tempo, na espera de algo extraordinário. Solstício de 21-12-2012? Inversão do campo magnético da Terra? Cataclismos? Aniquilação da raça humana? Início de um outro tipo de mundo?

  Em um sentido apocalíptico, o nosso planeta já deveria ter sido acabado inúmeras vezes, como na virada do ano de 2000 ocorreria o “bug do milênio”, entre inúmeras outras alarmantes previsões, premonições, profecias, algumas delas centenárias senão milenares...

  Inegável, todavia, o momento histórico. Passamos de 2000 e seguimos rumo à fatídica data... Em outras palavras, de conformidade a estudos dos astros, estamos nos anos finais da Era de Peixe, na aurora da Era de Aquários, que deverá representar um ciclo de grandes transformações. Transformações positivas, inafastáveis!

  Especulações à parte, fato é que o homem não suportaria mais o continuísmo de sua imatura e contraditória civilização. A pretexto de se alcançar o presente e de se preparar o futuro, sua história é quase toda de sofrimento, de egoísmo, de grito, de dor e de exaurimento. Já houvesse germinado o amor universal, a grande chave para a era que se avizinha, não teríamos feito do planeta redutos de opulência circundados de bolsões de miséria. A propósito, é isso o máximo que conseguimos?

  Não bastasse tamanha disparidade e incoerência, as providências  diplomáticas com o intento de conter o grave aquecimento global, nomeadamente o Tratado de Kyoto, em quase nada vêm resultando, de forma concreta, estando a Terra esquentando-se aceleradamente e todos os seus percalços, em consequência, sentidos. O desequilíbrio humano refletindo no meio, por sua postura devastadora, implacável, equivocada, egocêntrica.

  O homem ainda não aprendeu a amar, o único e profundo propósito de seu nascimento sobre a Terra, o amor incondicional, a generosidade. Torna-se lógico, racional, portanto, uma necessidade inadiável de profundas transformações. Eis o peso do ano de 2012. Identificado por variadas e diferentes fontes, dos místicos aos cientistas, como um marco sinalizador para um novo estágio, supostamente o ano da instalação integral dessa Nova Era, muito além dos fenômenos geográficos, climáticos e de uma efetivamente drástica mudança terrena, não tão silenciosamente em curso.

  Motivo para pânico ou renovada esperança? Como nos prepararmos para essa transformação? Tal necessidade já é latente e cada vez mais intensa em nossos corações. Apenas teríamos que deixá-la fluir em nós, para a qual não basta mais sermos simplesmente humanos, é preciso que cultivemos o nosso interser, a nossa  consciência e atuação social responsável, respeitando-se a tudo e a todos, considerando cada um parte desse todo e, por conseguinte, parte de nós mesmos. Não haverá alternativas outras: - ou vamos por esse caminho ou vamos por esse caminho.

  Especula-se muito, fala-se muito, sobre o ano de 2012 e a Era de Aquários, mas verdadeiramente não há motivo para pânico. Pelo contrário! É preciso sim, que nos preparemos, com lucidez, amadurecimento, serenidade, discernimento.

  Para a evolução da vida na Terra, sempre foram as necessidades que impulsionaram os homens e assim é chegado um tempo decisivo à humanidade. E que bom! A nós nos será dada a grande oportunidade da transformação para melhor, da transmutação para a nossa essência primordial. Um invulgar “salto quântico”, dentro da perspectiva de um universo autoconsciente, na expressão de Amit Goswami, físico da Universidade de Oregon, autor de “A física da alma”. A Era de Aquários, que se estabelecerá, renovará todos os nossos sentimentos mais elevados, resgatará princípios universais perdidos, ignorados por desatinos mundanos. Um novo conceito de riqueza a ser  firmado, pois rico será aquele que respeitar a Terra como o seu próprio e maior tesouro e amar a toda forma de vida nela existente, de todos os reinos, bem como os seus iguais, não se pretendendo sobrepor a quem quer que seja, animais, minerais etc. Souber usar e compartilhar os recursos excedentes, estando os direitos humanos em primeiro plano, flexibilizando-se a noção de estado, nacionalidade, soberania etc.

  Temos assistido, embora sem nos podermos eximir de nossa condição elementar de protagonistas do espetáculo, a sensíveis amostragens de transformações e caos, nos mais variados níveis e áreas da atividade humana. Consola-nos justamente que, depois do colapso do egoísmo, virá uma civilização baseada na espiritualidade, amor, respeito, responsabilidade e fraternidade. De que lado estaremos, cabe a cada um de nós desde sempre. Afinal a Terra se pronunciará com toda a força exigida.

  Dentro da fórmula de sucesso que mistura pesquisa com ficção, no presente ano teremos o lançamento de “2012, o filme”, cujo trailer já pode ser visto em http://www.youtube.com/watch?v=mn1IqCreb_c ou http://www.youtube.com/watch?v=uXcwkcvFJZI   , com legenda em português.

  Em suma, é bom que entendamos, é bom que percebamos todas as nuances da engenharia da vida, do degrau evolutivo do planeta nesse instante de modificações, desnudamentos e metamorfoses... Locais, mundiais, interpessoais, íntimas, essas as mais importantes. Tentemos compreender que a Terra está sendo acabada e paradoxalmente renascida a cada pulsar da nossa existência. Dizem que os antigos profetas erraram, que o mundo não acabou e nenhuma das previsões estaria certa... A próxima, por sinal, seria exatamente em 2012, segundo se especula do calendário maya, dentre outros tantos estudos. Mas será que não acabou, será que erraram? Acreditamos que não! Todos acertaram, em algum aspecto, a seu tempo! Como daqui a quatro anos igualmente, com maior ênfase, na plenitude do advento de uma nova fase, de um novo alinhamento, a esperada, apontada Era de Aquários, sem conflitos, sem guerras, sem inquietações, sem angústias e ansiedades, sem intolerâncias.

  Atentemo-nos! O velho morre a todo instante para que o novo ressurja! Estamos a tratar, especialmente, de valores, com graves consequências para a integridade humana e do meio-ambiente, a cada descuido ou acerto da nossa espécie. O resto independe de nós. Façamos a nossa parte por completo, sem nada exagerar ou excluir.

  É bastante recomendável nós nos revermos a nós mesmos nesse tempo de que dispomos. E se nada parecer dar certo, tentemos uma vez mais o amor. Essa é a senha. Sempre, sempre.

Flávio Marcondes Velloso, 46, professor, é membro da União Brasileira de Escritores, do Colegiado Buddhista Brasileiro, da Associação de Direito e Economia Européia da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, do Instituto Pimenta Bueno da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, autor de “Direito de Ingerência por Razões Humanitárias em Regiões de Conflito”, de “Tribunal Internacional de Justiça, Caminho para uma Nova Comunidade”, dentre outros títulos publicados no Brasil e no exterior. Cursou Economia e Filosofia na The School of Economic Science, Londres, Civilização e Cultura na Université de la Sorbonne, Paris. Encontra-se atualmente em sua terra natal, Guaratinguetá, SP, a escrever o seu novo livro sobre o “Buddha Crístico para o Terceiro Milênio”. No perfil de seu blog http://fmarcondesvelloso.blogspot.com , com reflexões diárias, outros blogs também de sua autoria podem ser visitados.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Chico Buarque - Show


Passei a semana inteira sem comer praticamente nada, de tão nervosa que eu estava. Um milhão de borboletas no meu estômago, ansiedade monstra.
No sábado quando acordei, (eu quase nem dormi), fui para Curitiba, com meu coração pulando na cama elástica. 
Curitiba, tudo lindo, encontrei minhas amigas, e ficamos esperando em um banco da praça Tirandentes a hora de abrirem as portas... Naquele momento, muitas coisas passaram na minha cabeça, ainda era muito surreal pra mim. Não acreditava que o Chico Buarque estava ali do outro lado da rua, e que eu iria vê-lo, depois de anos e anos ouvindo sua voz, nas fitas cassete do meu tio, nos discos da minha mãe, nos cds das minhas primas, nos meus downloads! Pensei em cada geração de fãs do Chico, o contexto histórico em que estavam inseridos, o que cada canção desperta em cada um... e nisso iam chegando no show, senhoras, senhores de idade mais avançada, mas muitos, muitos jovens também. Acho que um artista bom, é assim mesmo, NUNCA morre, sempre permanece nas pessoas, sempre toca nas rodinhas de violão, sempre é citado nas cartas de amor, pixado nos muros... eu mesmo, tenho uma música do Chico para cada situação!



Chegou a hora do show, achei meu lugar, sentei do lado de um casal de meia-idade, que provavelmente teve as canções do Chico como trilha sonora da sua história, e de um jovem com cabelo black-power, sozinho.
Eu ainda não acreditava que estava ali, só me dei conta quando uma voz anunciou: ".... apresenta: Chico Buarque, na turnê CHICO" e ele entrou, lindo, com uma energia incrível e uma presença única, preenchendo muito elegantemente todo aquele teatro. CHOREI, CHOREI muito, a "ficha caiu" eu estava ali, limpando o nariz e as lágrimas no casaco que minha mãe emprestou! 



ELE ESTAVA ALI, um Chico desenhado para todos os apaixonados, para todos os aflitos, para todos os sentidores.
Cantou canções que eu nem imaginava que ele fosse cantar... Baioque, Cálice (homenagem a Criolo Doido), Teresinha, O meu amor, Injuriado, Geni e o Zeppelin (que me arrepiou dos pés a cabeça!), Bastidores entre outras tão lindas quanto. 

As músicas do novo álbum, foram cantadas com o Chico mas apaixonante e apaixonado, com o coração de bem-me-quer, e o sorriso mais sincero do universo, tão lindo, que até errou a letra de "Essa pequena"

"Meu dia voa e ela não acorda
Vou até a esquina, ela quer ir pra Flórida Budapeste!"

Ele voltou duas vezes para o 'bis', o que me alegrou e acalmou um pouco meu coração desesperado, "Chorei, chorei, até ficar com dó de mim".  
Saímos pelas ruas de Curitiba, procurando um bar, passamos por um praça, uma floricultura, mendigos, pessoas buscando amores fáceis, prostitutas e paralelepípedos, e eu, tinha a certeza que quem olhasse para nós três ali, saberia que estávamos com um pedaço do Chico dentro da bolsa, e um coração bem preenchido, naquela noite. 
Voltei para casa muito, muito feliz, feliz por tê-lo visto, e triste, porque temo que tenha sido a primeira e a última vez. 

Sugiro que quem tiver interesse assista os vídeos do show no Youtube, e também que leiam o post sobre o show no Aponta pra fé e rema.


Pedaços de um show maravilhoso:


"Quando eu choro é uma enchente surpreendendo o verão
É o inverno, de repente, inundando o sertão
Quando eu amo
Quando eu amo, eu devoro todo meu coração
Eu odeio, eu adoro, numa mesma oração, quando eu canto"

"Se eu só lhe fizesse o bem
Talvez fosse um vício a mais
Você me teria desprezo por fim
"

"O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz"

"Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu"

"O terceiro me chegou
Como quem chega do nada:
Ele não me trouxe nada,
Também nada perguntou.
Mal sei como ele se chama,
Mas entendo o que ele quer!
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher.
Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não,
Se instalou feito posseiro
Dentro do meu coração"

"Foram tantos os pedidos,
Tão sinceros, tão sentidos,
Que ela dominou seu asco"

"Amaldiçoei
O dia em que te conheci
Com muitos brilhos me vesti
Depois me pintei, me pintei
Me pintei, me pintei
"

"Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
"

"Às vezes ela pinta a boca e sai
Fique à vontade, eu digo, take your time
Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas
O blues já valeu a pena"

"Não sei por que
Somente agora você vem
vem para embaralhar os meus dias
e ainda tem, em saraus ao luar
meu coração, que você sem pensar
Ora brinca de inflar
Ora esmaga
Igual que nem, fole de acordeão
tipo assim num baião do Gonzaga"

"Ah, se eu pudesse não caía na tua
Conversa mole outra vez
Não dava mole a tua pessoa,
Te abandonava prostrado aos meus pés,
Fugia nos braços de um outro rapaz.
Mas acontece que eu sorri para ti"

"Hoje a cidade acordou toda em contramão
Homens com raiva, buzinas, sirenes, estardalhaço
De volta a casa, na rua recolhi um cão
Que de hora em hora me arranca um pedaço
"






<3





terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eu quero a sina de um artista de cinema

Eu quero a cena onde eu possa brilhar
Um brilho intenso, um desejo, eu quero um beijo
Um beijo imenso, onde eu possa me afogar
Eu quero ser o matador das cinco estrelas
Eu quero ser o Bruce Lee do Maranhão
A Patativa do Norte, eu quero a sorte
Eu quero a sorte de um chofer de caminhão
Pra me danar por essa estrada, mundo afora, ir embora
Sem sair do meu lugar

Ser o primeiro, ser o rei, eu quero um sonho
Moça donzela, mulher, dama, ilusão
Na minha vida tudo vira brincadeira
A matinê verdadeira, domingo e televisão
Eu quero um beijo de cinema americano
Fechar os olhos fugir do perigo
Matar bandido, prender ladrão
A minha vida vai virar novela

Eu quero amor, eu quero amar
Eu quero o amor de Lisbela
Eu quero o mar e o sertão



segunda-feira, 28 de novembro de 2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

El derecho al delírio


O que acham se delirarmos um pouquinho? 
O que acham se fixarmos nossos olhos mais alem da infâmia, para imaginarmos outro mundo possível?

- O ar das ruas limpo de todo o veneno que não venha dos medos e das paixões humanas;

- Os carros sendo esmagados pelos cães;

- As pessoas não mais dirigidas pelos carros, nem programadas pelo computador, nem compradas por supermercados, nem também assistidas pela TV;

- A TV deixará de ser o membro mais importante da família e será tratada como um ferro de passar ou máquina de lavar roupa;

- Será incorporado aos códigos penais o crime de estupidez para aqueles que cometem: viver para ter ou para ganhar ao invés de viver para viver simplesmente, assim como canta o pássaro sem saber que canta e como brinca a criança sem saber que brinca;

- Os historiadores não mais acreditarão que os países gostam de ser invadidos;

- Os políticos que os pobres adoram comer promessas;

- Ninguém viverá para trabalhar, todos trabalharão para viver;

- Os economistas não chamarão mais o nível de vida de nível de nível de consumo e nem chamarão de qualidade de vida a quantidade de coisas acumuladas;

- Os cozinheiros não mais acreditarão que as lagostas amam ser fervidas vivas;

- A morte e o dinheiro perderão seus poderes mágicos e nem por falecimento e nem por fortuna um canalha se tornará um virtuoso cavalheiro;

- Ninguém levará a sério alguém que não seja capaz de tirar sarro de si mesmo;

- O mundo não estará em guerra contra os pobres, mas contra a pobreza, e a indústria militar não terá escolha a não ser declarar falência;

- Em nenhum país ira prender os rapazes que se recusarem a cumprir o serviço militar, mas aqueles que querem servir-lo;

- A comida não será uma mercadoria nem a comunicação um negócio, porque a comida e a comunicação são direito humano;

- Ninguém morrerá de fome;

- As crianças de rua não serão mais tratadas como lixo, porque não haverá mais crianças de rua, as crianças ricas não serão tratadas como se fossem dinheiro, porque não haverá mais crianças ricas;

- A educação não será privilégio daqueles que podem paga-la;

- A polícia não será a maldição de quem não possa comprá-la;

- A justiça e liberdade, irmãs siamesas, condenadas a viver separadas, serão novamente juntas de volta, bem grudadinhas, costas com costas;

- Na Argentina, as “Loucas da Plaza de Mayo” serão um exemplo de saúde mental, porque elas se negaram a esquecer nos tempos de amnésia obrigatória;

- A Santa Madre Igreja corrigirá algumas erratas das escrituras de Moisés, e o sexto mandamento mandará festejar o corpo, a igreja também realizará outro mandamento que Deus havia esquecido: “Amaras a natureza da qual fazes parte”;

- Serão reflorestados os desertos do mundo e os desertos da alma;

- Os desesperados serão esperados e os perdidos serão encontrados, porque eles são os que se desesperaram de esperar muito, muitos e se perderam de tanto procurar;

- Seremos compatriotas e contemporâneos de todos os tenham vontade de beleza e vontade de justiça, tenham nascido quando tenham e tenham vivido quando e onde vivido, sem se importarem nem um pouquinho com as fronteiras do mapa e ou do tempo;

- Seremos imperfeitos e a perfeição continuará sendo um privilégio chato dos Deuses;

- Neste mundo trapalhão, seremos capazes de viver cada dia como se fosse o primeiro e cada noite como se fosse a última.



Galeano

terça-feira, 15 de novembro de 2011

o briho eterno

Feliz é a inocente vestal
Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida.
Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança


Alexander Pope

domingo, 13 de novembro de 2011

Tudo que eu queria era saber por que...


Você brincou comigo, bagunçou a minha vida,
Você não vale nada, mas eu gosto de você.



só o que me interessa

Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurra em meu ouvido
Só o que me interessa.
A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

quando você me apareceu

Tudo o que eu dizia
Parecia uma alegoria de você
Mas descobri que você
Não nasceu pra ser
O meu traje de gala,
Nem meu prêt à porter
Não dá prum esporte fino,
Um modelito soierie
Fora isso,
Pode escolher a categoria
Luxo ou originalidade
Na realidade é teu
O prêmio máximo
No quesito
Fantasia




alice ruiz

avesso

pode parecer promessa
mas eu sinto que você é a pessoa
mais parecida comigo que eu conheço
só que do lado do avesso
pode ser que seja engano, bobagem ou ilusão
de ter você na minha
mas acho que com você eu me esqueço
e em seguida eu aconteço
por isso deixo aqui meu endereço
se você me procurar eu apareço
se você me encontrar
te reconheço...


alice ruiz

gota a gota


Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre


Caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa coma somente a cereja
Jogue para cima faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra penas viva apenas
Sendo só fissura ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena reze um terço
Caia fora do contexto invente seu endereço
A cada mil lágrimas sai um milagre


Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal do sal do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas três dez cem mil lágrimas sinta o milagre
A cada mil lágrimas sai um milagre


Alice Ruiz 



(um pouco de Gabriela Holz nessa música! Papos de camarim, amoreba e afins <3)

domingo, 6 de novembro de 2011

Amor e revolução



Sem pensar em dogmas e modelos convencionais de relacionamento, há um grupo cada vez maior de pessoas interessadas em aceitar um modelo de amor mais amplo. Amigos, amantes, namorados... são palavras que não vão definir uma turma que, simplesmente, se ama. Passamos um fim de semana com Bela, Renata, Marcela, Anne, Alfredo, Fran e Luiz para mostrar que cara tem o Amor Revolução – uma causa um modo de vida, que, para eles, não tem mais volta
 

 


Poderia ser mais uma balada na vida de Luiz. Fugaz, etílica... normal. Mas naquela noite, há cinco meses, uma cena nada previsível mesmerizou o rapaz mexicano radicado em São Paulo. Um grupo de pessoas fundia-se em uma massa compacta, fluida, vagarosa. Difícil contar quantos na turma, de tantas pernas e braços entrelaçados. Olhos fechados, corpos deslizando uns sobre os outros – moças, rapazes... pessoas. Era uma farra hedonista, uma baguncinha, um convite à sacanagem? Luiz sentiu que não. “Mexeu demais comigo. Tinha uma pureza de carinho, uma energia muito linda”, ele conta e confessa, “eu queria muito entrar ali, mas não sabia se dava.” Só precisou chegar perto. Bela, uma das damas encaixadas no grupo, puxou Luiz para o miolo. E ele nunca mais saiu.
“Eu sempre me considerei um especialista em abraço”, elabora deitado, enquanto recebe cafuné de duas garotas, “mas no Brasil as pessoas são muito travadas. E eu estava entrando nessa. A melhor coisa foi conhecer essas pessoas. Hoje me assumo como sou. Foda-se o que os outros vão pensar.” Soa estranho, inclusive, escutar uma autoafirmação tão decidida. Afinal Luiz não é gay, não é bi, não está em busca de putaria nem se preocupa com o rótulo (ou a fama) de hétero. E é exatamente isso que ele bate no peito para assumir: ele gosta de carinho.
Ele e, no fundo, todo mundo. Mas é raro achar quem “saia do armário” como essa turma. Estamos em sete, bem acomodados em uma quitinete do edifício Copan, centro de São Paulo. É a casa de Alfredo Toné, ou Alfreedom, como assina por aí, e Isabela Alzira, a Bela, sua... namorada? Não importa, no fundo. Antes de qualquer alforria sexual, é dos conceitos e das amarras linguísticas que eles buscam independência. E foi em torno do “casal” que os demais naquela sala gravitaram para se conhecer. Ou melhor, em torno das performances que os dois promovem em festas e nos cursos de contato e improvisação oferecidos por eles na Casa Jaya – espaço ecocultural na Vila Madalena.
Por caminhos diferentes, Bela, Alfreedom, Marcela, Luiz, Renata, Anne e Fran – a turma fotografada aqui – acabaram dentro daquela turba sensorial, apropriadamente batizada por eles de amoreba – a ameba do amor. “Para muita gente é difícil entender que isso não é um surubão”, Alfredo diz, mas a frase poderia sair da boca de qualquer um ali. “Parece uma orgia. Mas nós temos um elo coletivo, de amor. E isso é o mais importante. Claro que no meio de uma amoreba vão se formando situações mais sexuais, mais tesão aqui ou ali. Mas não tem afobação. É tudo muito natural.”
A amoreba “estendida”, por assim dizer, é muito maior do que os sete citados aqui. É uma rede de amigos, pessoas que se conectaram em festivais, festas, aulas, viagens. “Uns 300!”, chuta Bela, sem o menor critério estatístico. Pessoas, presentes em maior ou menor grau, que compartilharam não apenas uma dança coletiva coladinha, mas experiências de amor, nudez e sexo que as libertaram como nunca. Ciúmes, padrões estéticos e a própria ideia de amor romântico, exclusivo, são inevitavelmente colocados em xeque. E a medida final para que alguém assuma seu papel nesse difuso e bem conectado corpo coletivo é simples: a felicidade que tal entrega, tal desapego, gera. Marcela, estudante de psicologia, descobriu sua turma há poucos meses. Mas já tem articulado um pensamento claro, bem simples, sobre o que o grupo representa em sua vida.
“A primeira vez que fiquei nua para entrar em uma cachoeira, eu hesitava. Reparava no corpo dos outros, pensava no meu corpo. Mas depois eu percebi que isso era tudo meu. Que os outros não estavam me enxergando assim”, e conclui, sucinta: “Quando você está sem roupa, você se pergunta quem é de verdade”. Alfreedom completa: “Em geral as pessoas só ficam nuas para tomar banho ou transar. E tem gente que acha que achar nudez normal é coisa de maluco...”
 “Em geral as pessoas só ficam nuas para tomar banho ou transar. E tem gente que acha que achar nudez normal é coisa de maluco...”
Mas a mera nudez é só um passo nesse imapeado caminho do amor fagocitoso. Desafios, e recompensas, maiores estão em aceitar que dá para amar muitas pessoas, transar sem segredos e mentiras. “A gente vive preso em uma ideia romântica, possessiva de amor. Eu descobri que o amor não pode ser idealizado. Mas pode ser um ideal. É bem diferente”, Marcela define, do alto de seus já sábios 20 anos. Um ideal se oculta também entre as infinitas possibilidades e sutilezas de sensações que existem entre um cafuné e uma trepada. E também, é claro, em soltar-se das restritas definições de hétero, homo, bissexualidade. De novo, Alfreedom: “Eu posso ter tesão por um cara, se eu achar ele apaixonante? Claro. Mas eu sou bissexual se eu gosto muito mais de mulher? E por que preciso responder essa pergunta? O amor é uma entidade muito maior do que tudo isso”.
Ainda assim, fica claro, mesmo para uma breve testemunha, que paira sobre todos uma sensualidade, uma libido, essencialmente feminina. São elas que dão o ritmo, que tocam a todos e todas com mais tranquilidade, que não poupam selinhos e carícias. Que tiram o típico afobamento, o preto no branco, da sexualidade do macho. E afagam o presente repórter enquanto escuta os relatos e os diversos motivos pelos quais elas, e eles, aceitaram o convite da Trip para um fim de semana em um sítio perto de São Paulo.
“Eu nunca fiz fotos, mas eu acho que isso que nós temos é algo importante de comunicar. Não pode ser segredo”, conta Renata. Ela, como todos, reconhece uma triste, alienante dureza na vida “convencional” da cidade. Um reinado falido do ego, que encapsula e isola pessoas e transforma sua obstinada luta pela naturalidade em algo bizarro. “Em São Paulo o primeiro ato de rebeldia é carregar cores. Quando eu carrego um girassol na rua, as pessoas me olham como se eu fosse o Falcão!” E girassóis são comuns na vida da moça. Massagista de profissão, e jardineira terrorista como causa, quer gastar seu tempo enfiando mudas sem pedir autorização pela metrópole. É dela também uma simples definição do tipo de amor que permeia a tal “família”, como todos, vez ou outra, chamam a si mesmos: “Aqui todo mundo é mãe e todo mundo é filhote”.
Filhotes, ou mães, vez ou outra Alfreedom e Bela assumem a palavra como líderes da matilha. São os mais presentes na Casa Jaya, onde acontecem os cursos de contato e improvisação. E buscam, artistas, atores que são, razões e implicações metafísicas, políticas, para o amor revolução – o movimento sem dogmas que está em silenciosa expansão. Um caminho sem volta, acreditam, “um ajuste dos tempos”, na boa conclusão de Bela sobre o que está por dentro da amoreba. Um atraso cultural. Uma solução para um paradigma falido de amor, casamento e monogamia. Um desejo de criação coletiva, de transformação social e espiritual, que se arrasta há gerações e que ganhou uma estética mais clara e exuberante com o movimento hippie. Mas que hoje, em um mundo ainda mais complexo e dinâmico, não cabe mais na datada alcunha. É essa falta de cercas conceituais que deixa tudo mais difícil na hora buscar uma síntese.
Anne, jornalista, muito atenta, menos falante, pede a palavra: “Para mim não precisa ficar separando, analisando tanto as coisas. Se eu quiser fazer amor, eu faço. Se eu quiser trepar, eu trepo. O motivo que me fez fazer as fotos, e estar aqui, falando com você, é simples. Todo mundo fica pelado. Todo mundo faz sexo. Todo mundo gosta. Eu tô cansada de hipocrisia”, desbafa com um sorriso. “É minha luta contra o preconceito.” Alfredo ri como um sátiro. Embalado pelo vinho que flui, vagaroso e sempre, ele vaticina: “Isso não é sobre a gente! É sobre a paz mundial”. Paz mundial? “Claro. Eu te garanto... se você dorme em uma amoreba vai querer abraçar até o padeiro de manhã. ”

fonte: Rrvista Trip

é.

Olha só moreno do cabelo enroladinho 
Vê se olha com carinho pro nosso amor, 
Eu sei que é complicado amar tão devagarzinho 
E eu também tenho tanto medo, 
Eu sei que o tempo anda difícil e a vida tropeçando, 
Mas se a gente vai juntinho, 
vai bem.

fim.

Show do Chico Buarque - contagem regressiva


Não sei por que
Somente agora você vem
Vem para embaralhar os meus dias
E ainda tem
Em saraus ao luar
Meu coração
Que você sem pensar
Ora brinca de inflar
Ora esmaga




#1 MÊS E 6 DIAS

y no entiendo muy bien por qué


Yo te quiero con limón y sal,
yo te quiero tal y como estás.
 
 

O Doente Imaginário

Estreamos!
Muita merda!

Fica aqui o convite a todos que puderem (e quiserem) assistir nosso espetáculo! Estaremos em cartaz todos os sábados de novembro, às 20hs, na sala de teatro Antonin Artaud (na Univille) - Joinville e ano que vem estaremos com mais uma maratona de apresentações!

O Doente Imaginário foi a última obra escrita por Molière, em 1673. Considerada uma de suas obras primas, a peça tem como personagem principal um hipocondríaco: Argan, carente, rico e ávaro burguês. Em seu segundo casamento, com uma mulher mais nova e interesseira, Argan vivia sobre a cama, com a constante visita de ...médicos. Sua empregada, a debochada Toninha, e sua filha, a romântica Angélica, completam a família. Angélica, filha de Argan, apaixona-se pelo romântico Cleanto. O pai, no entanto, quer que ela se case com um médico, pois desta forma teria assegurado seu tratamento de saúde. Na peça O doente Imaginário, Molière satiriza a precária ciência do seu tempo, a medicina. Faz uma crítica acirrada à relação médico-paciente, digna das relações marcadas pela frieza e pelo descaso.
Inspirado na Commedia dell'Arte — gênero surgido na Itália em 1545 — Molière colocava o público frente à manifestações do espírito humano que atravessam os séculos: a cobiça, a charlatanice, a arrogância, o desejo de ascenção social a qualquer preço. Burgueses em escalada para a riqueza, nobres decadentes, donzelas casadoiras, varões enamorados, esposas incompreendidas, maridos humilhados, beatos hipócritas e médicos sem consciência — não havia quem não fosse denunciado pela pena sarcástica do comediante. Fazendo rir, o dramaturgo fazia pensar. E suas palavras tinham o poder de uma arma. Um dos motivos que faz de Molière um dos nomes mais consagrados da dramaturgia moderna é o fato de que suas obras vão além do seu tempo e apresentam-se, ainda hoje, como retratos de muitas questões sociais.





















sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Livre expressão artística


Abril de 2011. A intolerância ao diferente apoiada por uma campanha de higienização social em Belo Horizonte, assume ares de politica repressiva de caráter criminal.
À administração municipal, policia militar e mídia se associam na tarefa de criminalizar o artista de rua, artesãos nômades portadores de um patrimônio cultural brasileiro que deriva da resignificação do movimento hippie das décadas de 60 e 70. Uma cultura com mais de 40 anos.


Mas quem criminaliza o estado?


Com expressões próprias na arte, na música e no estilo de vida, os artesãos são perseguidos, saqueados em seus bens pessoais e presos por desacato ao exercer a legitima desobediência civil.
 

ASSISTA AQUI:


fonte: Beleza da Margem

DECRETO Nº 14.589, DE 27 DE SETEMBRO DE 2011

Foi aprovado no último dia 27 de setembro, um decreto que reconhece os direitos constitucionais da livre expressão artística em espaços públicos, independente de licença ou autorização da prefeitura de Belo Horizonte.
Embora o decreto tenha sido alardeado pela mídia e pela própria prefeitura como um grande gesto, que fique claro duas coisas:
A primeira é que este decreto está apenas legitimando direitos já garantidos contitucionalmente, logo, o que ele faz na prática é retirar a prefeitura da ilegalidade constitucional que vinha exercendo através da “ditadura do executivo” implantada pela administração do prefeito Márcio Lacerda, e não o contrário.
Em segundo lugar, que fique claro também, não foi um gesto de boa vontade e entendimento, e sim uma barganha politica. Após a primeira marcha contra o prefeito do dia 24 de setembro, com presença de mais de 2000 pessoas de diversos segmentos da sociedade e organizada de forma apartidária, Márcio Lacerda resolveu agir e 3 dias após a marcha liberou o edital para a lei municipal de incentivo a cultura e aprovou este decreto. Obviamente, na analise politica míope feita por ele e seus acessores, consideraram que a organização do movimento estaria ligada à pessoas da “área cultural” e que deveriam tentar acalmar os ânimos deste grupo. Eis a razão deste decreto.
O decreto não é direcionado exclusivamente para os artesãos de rua, e sim para todos os artistas de rua, sejam malabaristas, atores, poetas, enfim…Toda e qualquer pessoa que queira expressar artes e ideias no espaço publico.
Por essa amplitude alguns artigos ficaram genéricos, necessitando de uma interpretação especifica para os artesãos. Por isto, em vermelho faço algumas observações acerca do decreto, para que se compreenda como esta lei regulariza a atividade dos artesãos no espaço público.
Em minha opinião, esse decreto ainda é primitivo e não contempla a riqueza desta cultura especifica que é o artesão nômade ou “maluco de estrada”. Por isso, nada de baixar a aguarda, a luta nem começou.


DECRETO Nº 14.589, DE 27 DE SETEMBRO DE 2011
 Dispõe sobre a apresentação e manifestação artística e cultural de Artistas de Rua em logradouros públicos do Município de Belo Horizonte, regulamenta a Lei nº 10.277/11 e dá outras providências.
O Prefeito de Belo Horizonte, no exercício de suas atribuições legais, em especial a que lhe confere o inciso VII do art. 108 da Lei Orgânica do Município, tendo em vista o disposto nas Leis nº 8.616, de 14 de julho de 2003 e nº 10.277, de 27 de setembro de 2011, e considerando a necessidade de definição de regras e critérios objetivos pelo Poder Público Municipal, visando a preservar a livre expressão das atividades artísticas e culturais nas vias e logradouros públicos, bem como assegurar o bem-estar da população,
DECRETA:
Art. 1º – As apresentações e manifestações artísticas e culturais de artistas de rua em vias, parques e praças públicas são permitidas, independente de licenciamento ou autorização, observado o disposto neste Decreto. Nada mais é do que legitimar o Art. 5º da Constituição Federal: IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
Parágrafo único – Entende-se como atividade realizada em praça, para efeito do disposto no art. 5º da Lei nº 10.277/11, aquela que se enquadre no art. 1º da referida Lei.
Art. 2º – As apresentações e manifestações artísticas e culturais de que trata este Decreto abrangem qualquer tipo de artes cênicas, artes circenses, lutas de exibição, artes plásticas, apresentação de música, poesia, literatura e teatro. Deixando claro: o tipo de arte produzida pelos artesãos se enquadra na categoria de “artes plásticas”.
Art. 3º – Os artistas de rua deverão permanecer de forma transitória nas vias, parques e praças públicas, vedada qualquer forma de reserva de espaço para uso exclusivo, devendo tal utilização limitar-se exclusivamente ao período de execução da apresentação ou manifestação.
Parágrafo único – As apresentações ou manifestações artísticas e culturais não poderão ultrapassar o período de 4 horas e devem ser concluídas até as 22:00 (vinte e duas horas). O artesão em geral nunca passa mais do que 4 horas em um mesmo local manifestando sua arte, considerando sua natureza ideológica de nomadismo, é importante lembrar que sua passagens são efêmeras não só nos locais da cidade, como na própria cidade. Importante ressaltar que a expressão “manifestação artistica” se enquadra perfeitamente na ação do artesão de rua, pois ele não só expõe, como também produz sua arte no espaço público.
Art. 4º - As apresentações e manifestações artísticas e culturais realizadas no logradouro público deverão respeitar a livre circulação de pedestres e o tráfego de veículos, bem como preservar os bens particulares e de uso comum do povo.
Parágrafo único – Na hipótese de utilização do passeio, é vedada ao artista de rua a instalação de carrinho, banca, mesa ou qualquer outro equipamento que ocupe espaço no logradouro público. O artesão de rua utiliza unicamente um pano no chão para expor sua arte, o que não pode ser considerado um “equipamento”, e um quadro de tubos de pvc na vertical que não ocupa mais do que 5cm. Este paragrafo tem o sentido de proteger a livre circulação das pessoas, o que é de certa forma louvavel e em nada impede ou embaraça a atividade do artesão.
Art. 5º – É vedada a utilização de equipamentos ou objetos que coloquem em risco o cidadão.
Art. 6º – As apresentações e manifestações artísticas e culturais serão gratuitas. Esta é uma das principais contra-partidas que o artesão fornece a população, expor arte no espaço público gratuitamente.
Parágrafo único – É permitido ao artista de rua, durante ou após a apresentação ou manifestação, aceitar contribuições pecuniárias de espectadores, desde que feitas de forma espontânea. O termo “contribuição pecuniária” é perfeito para definir o tipo de troca que o artesão faz com a população. Taí umas das coisas que gostei neste decreto, a expressão “contribuição pecuniária”. Este termo esclarece melhor o tipo de troca que o artesão estabelece com quem quer adquirir um trabalho seu. Chamar de comércio o tipo de troca que o artesão estabelece é um erro grosseiro que este decreto tem o poder de redefinir.
Art. 7º – O descumprimento ao disposto neste Decreto ensejará a suspensão da apresentação, bem como a apreensão dos equipamentos e materiais utilizados.
Art. 8º – A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, em conjunto com a Secretaria de Administração Regional Municipal competente e a Fundação de Parques Municipais poderão estabelecer normas complementares para a fiel execução deste Decreto.
Art. 9º – Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Belo Horizonte, 27 de setembro de 2011
Marcio Araujo de Lacerda
Prefeito de Belo Horizonte

Reflexões de um Liquidificador

"Antes eu devia ser feliz, porque eu nem lembro como era, os motores não tem memória, nem precisam. Ser motor, ou melhor, não ser gente, já é uma forma de ser feliz. Os liquidificadores nascem nas fábricas e morrem no ferro velho, é uma história simples, uma trajetória em linha reta. Servimos enquanto estamos bons, somos trocados quando a máquina estraga. Já os homens não, pelo que eu pude observar deles até hoje, não sabem de onde vêem, pra onde vão, por que nascem, por que morrem, pra que vivem. Essa vida cheia de dúvidas, eles chamam de vida consciente. "
 
‎"Mas apesar de tudo isso, seu eu pudesse escolher, se eu pudesse voltar a ser um simples utensílio da cozinha, insensível e mudo, eu não sei se eu voltaria... NÃO, não voltaria, pensar é um vício, sentir é uma cachaça, e toda essa espera angustiante, toda essa intriga de paixão e medo, tudo isso me fascina, a sorte que me espera é um mistério, uma ameaça, mas até lá, enquanto a noite avança, deixa eu botar meus parafusos pra cantar...."

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Fica


Diga ao primeiro que passa
Que eu sou da cachaça
Mais do que do amor
Diga, e diga de pirraça
De raiva ou de graça
No meio da praça, é favor

Mas fica
Mas fica ao lado meu
Você sai e não explica
Onde vai e a gente fica
Sem saber se vai voltar

Diz que é pra tomar cuidado
Sou um
desajustado
E o que bem lhe agrada, meu bem

Mas fica, meu amor

Quem sabe um dia
Por descuido ou poesia
Você goste de ficar

Poema

Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo
Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro

Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim
De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás....