domingo, 27 de fevereiro de 2011

Comprei semana passada

Dias e Noites de Amor e Guerra  é um livro no mesmo estilo de "Veias abertas da América Latina", com um tom de indignação e lirismo, obviamente! Galeano vai lá, e coloca o dedo  na ferida! Não é um livro de contos, não é um livro de crônicas, nem é um livro de poesias. Mas histórias tristes se tornam contos tristes, a vida cotidiana entre homens oprimidos são crônicas com tanta ternura que também poderiam ser transformados em poemas. 


       O livro foi escrito no exílio.  É formado por textos curtos, sonhos reais e imaginários. Memória. Um livro onde os bandidos  eram os governantes. Pelo menos para nós. Hoje, os homens oprimidos pelos governos totalitários são o governantes, na maioria dos países onde os acontecimentos narrados por Galeano se passaram. 
Os governos  são ocupados hoje, por nossos intrépitos heróis, cavaleiros do bem que lutavam contra o mal. Heróis que conseguiram o poder mas não conseguiram se livrar do mal. Acho que Galeno está tão decepcionado quanto nós, seres comuns, com as mudanças que ocorreram. Uma frase muito interessante do livro é essa: 
“O poder”, dizem, “é como o violino: pega-se com a esquerda e toca-se com a direita”. E como a máxima encaixa também ao nosso governo presente! Sim, no caso da política, no caso dos políticos, é bem certo que a a História se não se repete, tende, pelo menos, a repetir-se.
 Outras frases:
"Vida cigana. As coisas me acompanham e vão embora. São minhas de noite, perco-as de dia. Não estou preso às coisas; elas não decidem nada".
"A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo"
"Tenho saudades de um país que ainda não existe no mapa."

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O outro

só quero
o que não
o que nunca
o inviável
o impossível

não quero
o que já
o que foi
o vencido
o plausível

só quero
o que ainda
o que atiça
o impraticável
o incrível

não quero
o que sim
o que sempre
o sabido
o cabível

eu quero
o outro

#chacal


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dom Quixote

Sonhar o sonho impossível,
Sofrer a angústia implacável,
Pisar onde os bravos não ousam,
Reparar o mal irreparável,
Amar um amor casto à distância,
Enfrentar o inimigo invencível,
Tentar quando as forças se esvaem,
Alcançar a estrela inatingível:
Essa é a minha busca.

Dom Quixote

Nouvelle Vague

Em francês, a expressão “viver a vida” funciona como gíria para descrever prostituição. O filme de Jean-Luc Godard que carrega a expressão no título, portanto, é uma tradução literal da narrativa, a história de uma garota bela e inteligente, mas pobre, que acaba virando prostituta em Paris para conseguir sobreviver. Um filme de Godard, porém, nunca é feito apenas de matéria-prima literal. E o título de VIVER A VIDA (Vivre sa Vie) deixa isso, mais uma vez, evidente. Porque há uma conotação extra nas entrelinhas, uma conotação filosófica, quase metafísica, uma reflexão – bem ao gosto de Godard – sobre o ato de viver, com todas as complexas implicações que ele guarda.
A seguir, trecho do filme e logo abaixo, a música Dance With me da banda Nouvelle Vague, pegando uma carona no longa.




quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Mafalda diva

Passei boa parte dessa madrugada lendo Mafalda. Acho digno publicar umas tirinhas da minha pequena grande musa inspiradora (L)














vou postar tirinhas dela toda semana. Êêêêê \O/

MINHA

(...)
Não há por que voltar
Não penso em te seguir
Não quero mais a tua insensatez
O que fazes sem pensar aprendeste do olhar
E das palavras que guardei pra ti
Não penso em me vingar
Não sou assim

A tua insegurança era por mim
Não basta o compromisso
Vale mais o coração
Já que não me entendes, não me julgues
Não me tentes
O que sabes fazer agora
Veio tudo de nossas horas
Eu não minto, eu não sou assim
Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava a teu lado então

Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina

Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa,meu amor
Alguma coisa aconteceu
Do ventre nasce um novo coração
(...)


Mulheres de Atenas

"Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas: Vivem pros seus maridos, Orgulho e raça de Atenas" Essa composição de Chico Buarque e Augusto Boal causa polêmica por ser tida como machista por uns e por outros como uma versão irônica, no sentido de que ?Mirem-se? tem significado de se espelhar, encarar, enfim, entendendo-se assim as duas interpretações são válidas, mas quem conhece a fundo a obra do Sr. Buarque de Holanda sabe que dificilmente a letra teria significado machista. Mas antes de qualquer defesa em qualquer um dos âmbitos, vamos entender a composição. A letra de ?Mulheres de Atenas? é caracteristica pela sua escrita medievalesca, tanto pela sonoridade da música quanto pela métrica dos versos e das rimas, nela vemos que Chico se remete a histórias da sociedade ateniense no periodo clássico, onde percebe-se a alusão a poemas épicos como a Odisséia e a Íliada. O que é a mulher grega? É aquela que não tem direitos políticos ou jurídicos, aquela que é completamente subverniente ao seu marido, notamos essas particularidades à medida em que as qualidades masculinas são ressaltadas em detrimento das femininas, o que pode levar a afirmação de uma das interpretações, mas vale ressaltar que da mesma forma que os ?bravos guerreiros de Atenas? são ?orgulho e raça? também são tidos como infiéis (Quando eles se/entopem de vinho/Costumam buscar o carinho/De outras falenas) e violentos (E quando eles/voltam sedentos/Querem arrancar violentos/Carícias plenas/Obscenas) e mesmo as mulheres descritas não são o ideal de mulher, no sentido daquela mulher contemporânea, o que gera uma espécie de antítese para a atualidade. Porém a questão é: esse comportamento realmente é tão antigo assim? Afinal quem dá e quem recebe? Quem perde e quem ganha? Nessas perguntas podemos enxergar a ironia de Chico Buarque, quando ele diz ?Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas? ele usa de ironia, conforme afirmado por ele em entrevista a TV cultura, respondendo à indagação feita pelas feministas, ?Elas não entenderam muito bem. Eu disse: mirem-se no exemplo daquelas mulheres que vocês vão ver o que vai dar. A coisa é exatamente ao contrário?. Negar a existência de mulheres como a dessa composição, é negar um fato, porque, por exemplo, 80% das mulheres não sentem orgasmo?Porque há violência contra a mulher? Porque ainda é tão presente a necessidade de um casamento? Porque muitas das mulheres contemporâneas ainda ?Vivem pros seus maridos? mesmo quando ainda não são casadas, trabalham, estudam, para no fim ser mais uma ?ateniense?, pois essas mesmas mulheres ainda ?não têm gosto ou vontade/Nem defeito nem qualidade/Têm medo apenas?. Compreendendo a ironia de Chico, notamos que a composição não retrata apenas uma cantiga medieval mas um atento para a atualidade, tendo em vista que ainda são tantas nossas ?Mulheres de Atenas?.


texto retirado do CMI Brasil.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

MODA e CLASSE

"as mudanças na moda ocorrem como um processo de imitação das elites sociais por parte de seus inferiores sociais" American Journal of Sociology -  George Simmel
hummmm, será mesmo Senhor George? Na sua época sim, mas creio que hoje a classe social está se tornando menos importante na formação da auto-imagem de um indivíduo. Na sociedade ocidental, até 1960 a moda era "de cima para baixo" (do mais rico, para o mais pobre), após 1960 o papel inverteu-se.
Estilos emergem de grupos socioeconômicos inferiores, devido o surgimento de novas tribos, da subcultura, da nova juventude. Perdeu-se então o conceito de "imitação da elite" a classe já perdeu consideravelmente sua importância. Segundo Paul Kingston
"A classe não tem influência significativa sobre uma série de posturas relativas a questões socias, valores e preferências por determinado estilo de vida, nem sobre os vínculos comunitários e a socialização." (Are the classes in the USA)
Eu percebo hoje, uma grande fragmentação de interesses culturais, e essa hipersegmentação isola cada estilo de vida em seu próprio nicho. A moda e diversos tipos de cultura, surgem, emergem, nascem de um conjunto de organizações e redes que interagem e moldam esse conceito de várias maneiras.
Assim como alguns gêneros de música e literatura, os estilos de roupas são significativos para os grupos sociais à que pertencem, mas não são compreendidos para os que estão fora desses contextos sociais.
Pode parecer um pouco contraditório isso, mas não confundam CLASSE, com GRUPOS.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Aborto, sou a favor SIM.

Como feminista, como mulher, como cidadã eu defendo sim, e defendo MESMO a legalização do aborto, por diversos motivos. Sem dúvida, esse é um tema que gera muita discussão e que divide muitas opiniões. Antes, gostaria de lembrar que, cada um tem direito de acreditar no que quiser, de defender suas crenças e cabe a nós, respeitarmos as opiniões contrárias às nossas também. Achei esse texto muito bom, assim como muitos dos outros textos do blog da Cynthia Semiramis, professora universitária, e que desenvolve pesquisas sobre direitos das mulheres. Vale dar um confere aí!

"Dia 28 de setembro é o Dia de Luta pela Descriminalização do Aborto na América Latina e Caribe. Trata-se de uma data para lembrar que as mulheres ainda são consideradas menos cidadãs que os homens, sofrendo interferência sobre seus corpos e sua saúde.

Prosseguir ou interromper uma gravidez é algo que só diz respeito à mulher. Por mais que o homem contribua na concepção (e crie teorias que o valorizam como procriador), quem suporta toda a gravidez, quem passa pelo processo de parto, quem cria a criança praticamente sozinha e quem é responsável por ela é a mulher. É ela quem sabe o quanto terá de abdicar de sua vida para poder ter e criar a criança. É ela quem tem de decidir se e quando quer ter filhos. Estado, família e amigos dela devem apoiá-la e respeitá-la em sua decisão, permitindo meios dignos tanto para a continuidade quanto para a interrupção da gravidez.
Muitas pessoas não concordam com o direito da mulher abortar porque consideram que isso é uma violência contra o feto. Ao fazer isso, estão invertendo a ordem de prioridades: colocam um não-nascido como tendo prevalência sobre uma pessoa viva, como se a mulher tivesse menos direitos que ele. Temos aí uma hierarquia onde a mulher tem menos direitos, estando relegada à terceira classe: o homem tem prioridade em tudo, estando na primeira classe; o feto (que ainda não nasceu!), na segunda; a mulher, na terceira.
Essa é uma visão recente, como pode ser lido neste artigo sobre Igreja e aborto e neste post sobre o aborto na história. Até meados do século XIX aborto era questão íntima, que dizia respeito somente a gestantes e parteiras. É importante notar que o século XIX foi tanto o século da glorificação da maternidade quanto o início dos movimentos feministas, o que resultou na seguinte situação: à medida que as mulheres passaram a exigir participação na política e aquisição de direitos, o aborto se tornou uma questão de controle das mulheres, recebendo das autoridades punição religiosa (pecado) e jurídica (crime).
Criminalizar o aborto foi uma forma de interferir na vida das mulheres, restringindo o direito ao próprio corpo e retirando delas o poder de decidir sobre a própria vida. Lutamos hoje para que este direito seja restabelecido.
Descriminalizar é necessário. A descriminalização acabará com as clínicas clandestinas de aborto, sem higiene, e responsável por uma larga percentagem de mortalidade materna, especialmente entre mulheres pobres. Acabará com o tráfico de remédios abortivos, inclusive com os remédios falsos vendidos a peso de ouro como se fossem verdadeiros. Acabará com a aberração que é punir criminalmente uma mulher porque ela ousou decidir que não quer ser mãe em determinado momento de sua vida.
É necessário também legalizar o aborto. Isso significa que o Estado deve proporcionar condições para que a interrupção voluntária da gravidez seja um procedimento médico a ser realizado na rede pública de saúde, sem que a mulher sofra julgamentos ou sanções por ter escolhido interromper a gravidez. A mulher que escolhe abortar não deve ser tratada como culpada, nem como inferior ao feto, e muito menos pode ser maltratada por profissionais de saúde. Legalizar o aborto proporcionará atendimento digno para as mulheres, concedendo-lhes direitos plenos sobre o próprio corpo."

Suéteres

Fizeram o clipe de "Se for de aplaudir", a música da banda Suéteres, que eu mais amo! Muito digno, valorizo!
"Insisto se parece estranho
Calço e guardo até mais ver"