terça-feira, 28 de junho de 2011

Enquanto o ônibus não vem / Sensação térmica

A gente é sempre tão barroco com essa coisa de sensação… não só a térmica.
Se está frio, a gente colo 324 casacos, por cima de 3462 blusas e mais 23 calças, por cima do pijama de pinguim…
Frio demais…
Calor demais…
Amor, paixão demais…
É tempestade em copo d’agua
É novela Mexicana
É muito açúcar
É pouco café
As pessoas sofrem horrores com o fim de um relacionamento, por exemplo… acham que nunca mais vão amar, que nunca mais isso, que nunca mais aquilo… Acho que a gente supera quando a gente QUER superar. Sofrer é uma opção. No filme Vivre sa Vie, do Godard, Anna Karina fala:

"Acho que somos sempre responsáveis por nossas ações. Somos livres. Eu levanto a minha mão - eu sou responsável. Viro a cabeça para a direita - eu sou responsável. Estou infeliz - Eu sou responsável. Eu fumo um cigarro - eu sou responsável. Eu fechei meus olhos - eu sou responsável. Eu esqueço que sou responsável, mas eu sou. Eu disse que a fuga é um sonho. Afinal, tudo é belo. Você só tem a se interessar pelas coisas, ver a sua beleza. É verdade. Afinal, as coisas são apenas o que são. Um rosto é um rosto. As placas são placas. Homens são homens. E a vida ... é a vida "


Vivre sa Vie,  Anna Karina, SUA DIVA!



Acho digno.
Mas que graça né, eu falando em exagero!!!


Sensação térmica de hoje: me abraça e me beija, me chama de meu amor.






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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Abre aspas

Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie, por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade...  O mundo é louco, definitivamente louco... O que é gostoso, engorda.  O que é lindo, custa caro.  O sol que ilumina o teu rosto enruga. E o que é realmente bom dessa vida, despenteia:

- Fazer amor, despenteia.
- Rir às gargalhadas, despenteia.
- Viajar, voar, correr,  entrar no mar, despenteia.
- Tirar a roupa, despenteia.
- Beijar à pessoa amada, despenteia.
- Brincar, despenteia.
- Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Dançar até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível...

Então, como sempre, cada vez que nos vejamos eu vou estar com o cabelo bagunçado... mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida. É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir.

Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável,toda arrumada por dentro e por fora. O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença: Arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça, coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria... e talvez deveria seguir as instruções, mas quando vão me dar a ordem de ser feliz? Por acaso não se dão conta que para ficar bonita eu tenho que me sentir bonita...  A pessoa mais bonita que posso ser!

O único, o que realmente importa é que ao me olhar no espelho, veja a mulher que devo ser.
Por isso, minha recomendação a todas as mulheres:
Entregue-se, Coma coisas gostosas, Beije, Abrace, dance, apaixone-se, relaxe, viaje, pule, durma tarde, acorde cedo, Corra, Voe, Cante, arrume-se para ficar linda, arrume-se para ficar confortável! Admire a paisagem, aproveite, e acima de tudo, deixa a vida te despentear!

O pior que pode acontecer é que, rindo frente ao espelho, você precise se pentear de novo...
roubado do blog da Regiiiiiii :D 
AMEI cinco mil vezes.<3

Amor Líquido

Amor e morte, cada um deles nasce, ou renasce, no próprio momento em que surge, sempre a partir do nada, da escuridão do não-ser sem passado nem futuro; começa sempre do começo, desnudando o carater supérfluo das tramas passadas e a futilidade dos enredos futuros…
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… não é ansiando por coisas prontas, completas e concluídas que o amor encontra o seu significado, mas nos estímulo a participar da gênese dessas coisas. O amor é afim à transcendência; não é senão outro nome para o impulso criativo e como tal carregado de riscos, pois o fim de uma criação nunca é certo.
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Em todo amor há pelo menos dois seres, cada qual grande incógnita da equação do outro. É isso que faz o amo parece um capricho do destino – aquele futuro estranho e misterioso, impossível de ser descrito antecipadamente, que deve ser realizado ou protelado, acelerado ou interrompido. Amar significa abrir-se ao destino, a mais sublime de todas as condições humanas , em que o medo se funde ao regozijo num amálgama irreversível. Abrir-se ao destino significa, em última instância, admitir a liberdade do ser: aquela liberdade que se incorpora no Outro, o companheiro no amor. “A satisfação no amor individual não pode ser atingida… sem humildade, a coragem, a fé e a disciplina verdadeira”, afirma Erich Fromm – apenas para acrescentar adiante, com tristeza, que em “uma cultura na qual são raras essas qualidades, atingir a capacidade de amar sera sempre, necessariamente, uma rara conquista”
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E assim é numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resulstados que não exigem esforço prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro. A promessa de aprender a arte de amar é a oferta ( falsa, enganosa, mas que se deseja ardentemente que seja verdadeira) de construir a “esperiência amorossa” à semelhança de outras mercadorias, que fascinam e seduzem exibindo todas essas características e prometem desejo sem ansiedade, esforço sem suor e resultado sem esforço.
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Sem humildade e coragem não há amor. Essas duas qualidades são exigidas, em escalas enormes e contínuas, quando se ingressa numa terra inexplorada e não-mapeada. E é a esse território que o amor conduz ao se instalar entre dois ou mais seres humanos.
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Retirado do livro Amor Líquido de Zygmunt Bauman

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Ainda bem que você existe, Chico Buarque.



Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu....




é

Eu sinto que o meu coração tá com jeito de bem me quer


Você precisa ver como fica no carnaval

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terça-feira, 7 de junho de 2011

enquanto o ônibus não vem

Quando eu era pequena, achava que tinha uma moça que trabalhava dentro da máquina de café. Achava que um campo de futebol era do tamanho do meu quintal, que a pobreza no mundo acabaria de a Casa da Moeda imprimisse um monte de dinheiros e distribuísse loucamente para as pessoas. 

Eu achava que as crianças que moravam na praia, não precisavam ir para escola, que eu nunca compraria aquele 'chiclets' que vendiam na farmácia, dentro de um pacote quadradinho (camisinha). 
Achava que Tic Tac era uma pílula que me dava poderes mágicos, e antes de dormir eu não pensava em qual roupa eu vestiria no outro dia, mas qual boneca eu salvaria primeiro, se minha casa pegasse fogo.
Eu comprava figurinha para completar o álbum, e salgadinho para pegar o Tazo. Comprava chiclets que vinha com tatuagem, doce que vinha com uma bexiga em cima, Kinder Ovo por um real, e geladinho azul por dez centavos.
Eu caí de bicicleta quando meus pais tiraram as rodinhas, e a primeira vez que eles me deixaram dar uma volta na quadra sozinha, senti como se eu estivesse dando a volta ao mundo e descobrindo a América.
Eu brincava de caça ao tesouro, e enterrava meus brinquedos, (não, eu não achava mais depois). 
Eu passava o dia todo montando a casinha da Barbie, mas quando eu terminava de montar, não queria mais brincar, achava idiota aquelas situações que minhas amigas criavam, tipo: "oi amiga, vamos no Shopping???", "nhe nhe nhe", "mi mi mi", me irritava. Mas confesso que minha boneca já namorou o Ken, mas ele a traiu com a empregada (que era uma daqueles Barbies falsificadas com cabelo amarelo, quase carecas). 
Sempre entendi de amor e tragédias semelhantes.
Eu me apaixonei pela primeira vez quando tinha 6 anos... ele era meu vizinho, era filho da professora, era mais velho, e andava de skate. Eu tinha vontade de sumir cada vez que ele estava chegando perto. Pensava  em 300 coisas legais para falar pra ele, ensaiava na frente do espelho, mas quando a gente de via, eu só falava besteira e esquecia tudo. A gente ia para escola juntos, e eu odiava as garotas da sala dele, queria que elas morressem de febre amarela no Pantanal. 
Um dia ele me deu um pingente de coração, e eu quase morri de infarto do miocárdio. 
A gente se fala até hoje.

Foi a primeira vez que eu gostei de um menino, que eu senti borboletas no estômago, que eu gaguejava quando ele chegava, que eu ficava vermelha quando ele me olhava, que eu ficava suspirando e sonhando acordada, RIDÍCULA, como toda criatura apaixonada.
Engraçado né... eu tinha 6 anos apenas, era normal ter atitudes idiotas. Mas hoje, com quase VINTE, eu ainda faço e sinto a mesma coisa quando me apaixono! 
Credo, que doença.


oi ônibus, você chegou.
Tchau.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

enquanto o ônibus não vem

eu me apaixono todo dia,
uma música,
um lugar,
uma pessoa,
eu me apaixono todo dia.
Tenho uma coleção de paixões, uma coleção de pontinhas de lápis de cor, uma coleção de ex-namorados, uma coleção de garrafas que aparecem na minha bolsa depois da madrugada, uma coleção de músicas, de frases, de sonhos que fazem fila para serem sonhados, e muitas coleções de coleções.
Cada dia eu penso em fazer uma tatuagem diferente, e cada dia eu mudo de ideia e digo "pronto, é essa e fim", mas no outro dia eu mudo de ideia e penso em outra que era mais incrível que a do dia anterior, que por sua vez era mais linda do que a de antes de ontem, que era mais maravilhosa que a de semana passada e resumindo: eu nunca fiz uma tatuagem por isso.
Eu mudo de roupa, de sapato e de opinião todo dia, e tudo que é para sempre me assusta. Nunca consegui ficar mais de 6 meses com um cara, nem com o mesmo corte de cabelo. Cada vez que eu termino um relacionamento, eu corto o cabelo (isso explica porque meu cabelo é curto, e porque eu corto todo mês).
Conheço muitas pessoas interessantes, que me entendem, que gostam dos mesmos filmes que eu, que não vão embora quando eu preciso que elas fiquem, que não comem carne e que sorriem na segunda-feira de manhã. (Mas eu também conheço pessoas que existem.)
Tenho medo quando as coisas dão certo, tenho medo do sentido horário, tenho medo do testado e aprovado pelo INMETRO, tenho medo da polícia, dos advogados e de perder a comanda no bar.

O ônibus chegou, beijos.


foto: Regi Dani

domingo, 5 de junho de 2011

desassossego

“Eu mesmo, que sufoco onde estou e porque estou, onde respiraria melhor, se a doença é dos meus pulmões e não das coisas que me cercam?”