terça-feira, 7 de junho de 2011

enquanto o ônibus não vem

Quando eu era pequena, achava que tinha uma moça que trabalhava dentro da máquina de café. Achava que um campo de futebol era do tamanho do meu quintal, que a pobreza no mundo acabaria de a Casa da Moeda imprimisse um monte de dinheiros e distribuísse loucamente para as pessoas. 

Eu achava que as crianças que moravam na praia, não precisavam ir para escola, que eu nunca compraria aquele 'chiclets' que vendiam na farmácia, dentro de um pacote quadradinho (camisinha). 
Achava que Tic Tac era uma pílula que me dava poderes mágicos, e antes de dormir eu não pensava em qual roupa eu vestiria no outro dia, mas qual boneca eu salvaria primeiro, se minha casa pegasse fogo.
Eu comprava figurinha para completar o álbum, e salgadinho para pegar o Tazo. Comprava chiclets que vinha com tatuagem, doce que vinha com uma bexiga em cima, Kinder Ovo por um real, e geladinho azul por dez centavos.
Eu caí de bicicleta quando meus pais tiraram as rodinhas, e a primeira vez que eles me deixaram dar uma volta na quadra sozinha, senti como se eu estivesse dando a volta ao mundo e descobrindo a América.
Eu brincava de caça ao tesouro, e enterrava meus brinquedos, (não, eu não achava mais depois). 
Eu passava o dia todo montando a casinha da Barbie, mas quando eu terminava de montar, não queria mais brincar, achava idiota aquelas situações que minhas amigas criavam, tipo: "oi amiga, vamos no Shopping???", "nhe nhe nhe", "mi mi mi", me irritava. Mas confesso que minha boneca já namorou o Ken, mas ele a traiu com a empregada (que era uma daqueles Barbies falsificadas com cabelo amarelo, quase carecas). 
Sempre entendi de amor e tragédias semelhantes.
Eu me apaixonei pela primeira vez quando tinha 6 anos... ele era meu vizinho, era filho da professora, era mais velho, e andava de skate. Eu tinha vontade de sumir cada vez que ele estava chegando perto. Pensava  em 300 coisas legais para falar pra ele, ensaiava na frente do espelho, mas quando a gente de via, eu só falava besteira e esquecia tudo. A gente ia para escola juntos, e eu odiava as garotas da sala dele, queria que elas morressem de febre amarela no Pantanal. 
Um dia ele me deu um pingente de coração, e eu quase morri de infarto do miocárdio. 
A gente se fala até hoje.

Foi a primeira vez que eu gostei de um menino, que eu senti borboletas no estômago, que eu gaguejava quando ele chegava, que eu ficava vermelha quando ele me olhava, que eu ficava suspirando e sonhando acordada, RIDÍCULA, como toda criatura apaixonada.
Engraçado né... eu tinha 6 anos apenas, era normal ter atitudes idiotas. Mas hoje, com quase VINTE, eu ainda faço e sinto a mesma coisa quando me apaixono! 
Credo, que doença.


oi ônibus, você chegou.
Tchau.

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