quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A arte é feita para perturbar; a ciência tranqüiliza...

"As grandes obras de arte somente são grandes por serem acessíveis e compreendidas por todos."

"A arte tem de descer do pedestal e se interessar por outras questões sociais, seja a medicina, seja a física ou os meninos de rua."












"Sem ti, as emoções de hoje não seriam mais que a pele morrida das de ontem"

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Bora pular a catraca!


2,30 já é ROUBO! Nota contra o pedido de aumento na tarifa de ônibus


O Movimento Passe Livre (MPL), vem se posicionar contra mais esse absurdo pedido de aumento na tarifa de ônibus. Pedido esse legitimado por uma perícia, feita no sistema. Perícia essa que fala que as passagens deveriam custar R$2,86. Engraçado notar que apesar da perícia as empreses pediram R$2,88, erro de digitação?, ou será que é o pedido de presente de natal para o papai Noel de Bogo e de Harger?
Vale a pena lembrar que essa perícia foi feita pelo mesmo Instituto que fez uma perícia no sistema de transporte coletivo de Blumenau, o que garantiu um aumento, que levou a tarifa de lá para R$2,57. Esse é o instituto que hoje é questionado por duas ações civis públicas no ministério público, por fraudes na planilha apresentada.
A prefeitura vem fazendo há dois anos o papel de João sem braço da história, ora diz que o problema é técnico, ora diz que o problema é político (e de político ele tem muito, por isso, não é prudente aumentar tarifa antes de eleições. Deixe que elas passem, daí não tem mais problema), e de fato não apresenta solução alguma para o problema e brinca de “esconde, esconde” e não abre o jogo para a população do que de fato saíra nas licitações. Não abre o hoje e vem para o debate franco de propostas concretas para o sistema, e enrola a população e os movimentos sociais da cidade.
Agora vem mais um pedido de aumento de presente de natal para todos os joinvillenses e a pergunta que não quer calar é: o que a prefeitura vai fazer?. Dizer: “Ai meu deus, é o sistema, são os números. Olhem só, não tem solução, vai ter que aumentar.”
O Movimento Passe Livre vem dizer que tem solução, o que falta é vontade. A prefeitura é tão culpada quanto as empresas, por vir legitimando essa lógica de transporte coletivo, que prioriza os lucros dos empresários, em degradação da mobilidade urbana da população da cidade. Prefeitura essa, que espera ganhar as eleições para somente depois pensar em soluções para o transporte. E resolve pensar essa solução sem escutar as pessoas da cidade, sem escutar os movimentos organizados, muito menos se esforçando para escutas as pessoas comuns, que mesmo desorganizadas, tem direitos. Direito esse de serem ouvidas, de pensarem a cidade e de ousarem reconstruí-la, de forma mais democrática e inclusiva. Esse é o direito que nós temos à cidade, e é disso que estamos falando, não de números e blá-blá-blás da politicagem. Mas sim de direitos e projetos de cidades, um projeto excludente e antidemocrático e outro includente e democrático.


Movimento Passe Livre - Joinville

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

utopia!



Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas
Mario Quintana


A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".
Galeano


Não há nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã.
Victor Hugo





segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

desculpe, nós não somos sua mãe

Sua mãe provavelmente adora tudo que você cria, certo? Nada de se estranhar, já que este é um fato real para criativos do mundo todo.
Baseados nisso, os profissionais da Leo Burnett Ucrânia criaram essa divertida – e um pouco assustadora, é verdade - campanha para a ADC*UA Awards, destacando o criterioso rigor de seus jurados.
Nela, os sabichões aparecem trajados de mulher em poses impagáveis, acompanhados do título “Sorry, we are not your mother. So think twice before submitting to ADC*UA.” (Desculpe, não somos sua mãe. Então pense duas vezes antes de se inscrever no ADC*UA.).
A premiação, anual, escolhe os melhores trabalhos ucranianos das áreas de publicidade e design e é organizada pelo Clube dos Diretores de Arte da Ucrânia (Art Directors Club Ukraine - ADC * UA).

by revista Zupi




domingo, 5 de dezembro de 2010

Ah.. o verão!




Verão também é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura e muita gordura, pouco trabalho e muita micose.
Verão é picolé de Kisuco no palito reciclado, é milho cozido na água da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca.
Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no tênis.
Mas o principal ponto do verão é.... a praia! Ah, como é bela a praia.
Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção.
Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias.
Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.
O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando.
Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa, toalha, bola, balde, chapéu e prancha, acreditando que estão de férias.
Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão instalados, besuntados e prontos pra enterrar a avó na areia.
E as crianças? Ah, que gracinhas!
Os bebês chorando de desidratação, as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os adolescentes ouvindo seus MP5s enquanto dormem.
As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho afogado e caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do chinelo.
Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como perfurar o poço pra fincar o cabo do guarda-sol.
É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar em pé.
Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da maravilha que é entrar no mar!

Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de latinha de cerveja no fundo.
Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva.
Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita cheia de areia, vem aquela vontade de fritar na chapa.

A gente abre a esteira velha, com o cheiro de velório de bode, bota o chapéu, os óculos escuros e puxa um ronco bacaninha.
Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor!!!!!
Mas, claro, tudo tem seu lado bom.
E à noite o sol vai embora.
Todo mundo volta pra casa tostado e vermelho como mortadela, toma banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo.
O Shampoo acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa, desde creme de barbear até desinfetante de privada.
As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa da praia oferece.
Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha na rede pra adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas.
O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família.
Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e torcendo, pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se encontrar no mesmo inferno tropical...

Qualquer semelhança com a vida real, é uma mera coincidência.


(Luis Fernando Veríssimo)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

mario, mario...

"Somos donos de nossos atos,
mas não donos de nossos sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos,
mas não somos culpados pelo que sentimos;
Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos...
Atos são pássaros engaiolados,
sentimentos são pássaros em vôo."

"Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!"
(Mario Quintana)-  Poeminha do contra.




domingo, 28 de novembro de 2010

mafaldiando...

Mafalda é um personagem que eu simplesmente adoro... vivo parafraseando esta pequena!
Mafalda é uma menina de cerca de 5 anos super preocupada com a humanidade, que acredita que a sua geração pode mudar o mundo. Adora conversar sobre política e comentar sobre o que vai acontecendo no mundo.
Mafalda foi criada por Quino em 1964 e durou até 1973.


-O mal dos velhos é que vivem observando o futuro com a nuca. 

- Justo a mim coube ser eu!"

- A sopa é para a infância o que o comunismo é para a democracia!

- Engraçado...Quando eu fecho os olhos o mundo desaparece.

- Deus,espero que o senhor possa ajudar a melhorar o estado da situação...Ou será que é a situação do Estado?

- Ás vezes me pergunto se a vida moderna não tem mais de moderna do que de vida.

- Pobrezinha, fizeram de você um mero capacho para limpar os pés antes de entrar no Universo...:- ''Mafalda olhando para a Lua.

- E não é que neste mundo tem cada vez mais gente e cada vez menos pessoas?

-Porque que quando colocamos os pés no chão a brincadeira acaba?:- '(Mafalda após parar o balanço.)

- Não adianta dar um ano novo para eles! Logo já vão quebrando.

- O problema da família humana é que todos querem ser o pai.

- Coitado.
(Mafalda após ouvir de sua mãe que Deus está em todos os lugares.)

- O País todo tá la fora esperando! O que é que eu digo? Mando sentar?

- Já que há mundos mais evoluidos, porquê eu tive que nascer justo neste?

- Eu poderia dizer que metade da população mundial não engordou um grama sequer por não ter o quê comer... mas a senhora precisa de um consolo, e não se passar por estúpida!
(Mafalda após ver sua mãe chorando por estar gorda para o biquini.)

- Boa noite mundo! Boa noite e até amanhã, mas fique de olho! Tem muita gente irresponsável acordada, viu?

- Este ai só fica comendo tempo e está cada vez mais magro!
(Falando sobre o calendário.)











sexta-feira, 26 de novembro de 2010

é brega!

Não aprendi a dizer adeus
Mais tenho que aceitar
Que amores vem e vão
São aves de verão
Se tens que me deixar
Que seja então feliz

Não aprendi a dizer adeus
mas, deixo você ir
Sem lágrimas no olhar
Se adeus me machuca
O inverno vai passar
E apaga a cicatriz

(Leandro e Leonardo)
*fica de cara xD



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Reforma Universitária Já!



Caros amigos e amigas... queria deixar uma dica, de um documentário mega foda, demais mesmo. 

Quando eu entrei na faculdade me decepcionei muito com tanta apatia e desinteresse da maioria dos acadêmicos com relação as questões políticas, socias, com as manifestações, e o movimento estudantil. Não vou generalizar, pois ainda existem aqueles que se salvam né minha gente!

Quando vi esse vídeo, me deu uma vontade enorme de entrar na cabeça das pessoas, de tentar entender tanto comodismo, de explodir a universidade e colocar fogo em um ônibus, de fazer alguma coisa para mudar tudo isso, trocar esse cenário antiquado, estúpido e desonesto. Precisamos de uma reforma universitária, e precisamos agora!

A folha que sobrou do caderno” é um instigante documentário resultante de
uma inquietação pessoal em congruência com uma preocupação coletiva:
precisamos discutir e reformar o ensino de design no Brasil. São colocadas
opiniões sobre modelos ideais de cursos e o papel que professores e
estudantes desempenhariam nesses modelos, bem como discussão sobre formação tecnológica e teórica. A estrutura atual do ensino, questionamentos sobre pesquisa e atualização tanto por parte dos professores como dos estudantes também são abordados. A organização estudantil como transformadora da realidade e o Movimento Estudantil fornecem o fechamento das discussões. Em “A folha que sobrou do caderno”, História, depoimentos e atitudes são os principais ingredientes para alcançar a maior proposta do filme: PROVOCAR.


e vamos a luta!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

playmobil




nice!

Abbey Road

Este éfoi o último álbum gravado pelos Beatles e seu penúltimo lançamento. Isso porque Let it Be foi gravado em janeiro de 1969.
Dos tempos selvagens de Hamburgo e da loucura da beatlemania, o salto foi grande, e o que já vinha ocorrendo desde Rubber Soul,o álbum mostra muita maturidade musical e canções finamente elaboradas e executadas, que apesar da imensa tensão existente, não tirava o brilho das músicas, que continuavam “afiadas e ousadas”. As discordâncias foram potencializadas por várias ocorrências. Um acidente de carro na Escócia com John e Yoko grávida, tiraram John de várias sessões de gravação. Mas quando voltou para o estúdio estava alegre e de bom humor.... é, na verdade máomenos, mas enfim, o clima estava um pouco tenso.


 A logomarca da Apple foi inspirada na obra do pintor surrealista belga René Magritte (1898 – 1967). Como isso aconteceu ? Paul MacCartney contou em entrevista que havia dito ao seu amigo e galerista Robert Fraser, que amava Magritte e seu grande senso de humor. Um dia, Robert deixou sobre a mesa de Paul (que estava no jardim filmando alguns takes junto com os outros e não quis incomodá-los), uma pequena obra que era uma maçã com uma frase escrita “Au revoir”.

“Le jeu de mourre”,  título da obra, é um óleo sobre tela de 1966, 30×40 cm, inexplicavelmente barata para a época. Acharam que a obra tinha um conceito muito interessante e tornou-se inspiração para o logo. Então decidiram cortá-la na metade para o lado B. Apareceu pela 1ª vez no Sgt. Pepper’s, de 1967, ano da morte de Magritte.
O álbum tem momentos brilhantes como Come Together, música de maior impacto, composta por John a pedido de Timothy Leary, que a usaria em sua campanha para governador da Califórnia, contra Ronald Reagan. Não usou. Reagan contra atacaria dizendo que seu adversário era usuário de drogas, etc. Ian MacDonald, em seu “Revolution in the Head ” diz, em Come Together, que “o preâmbulo pessoal é lançado na esfera pública e elevado ao nível de (anti) ideologia: uma chamada para libertar a imaginação e, pela montagem de uma linguagem livre, desintrincheirar da rigidez emocional e política. A canção continua um tema consistente no trabalho de Lennon, desde I Am The Walrus  - em parte originada em seu LSD e em parte embebida na atmosfera contracultural da anarquia anti-elitista como definida por eruditos como Marshall McLuhan, Arthur Janov, R.D. Laing e Herbert Marcuse. O arquétipo de anti-políticas contracultural como apresentadas em Come Together estava no espírito rebelde da sabedoria hippie: o guru atordoante/shamã espelhado em Timothy Leary, Ken Kesey, o personagem fictício Don Juan de Carlos Castañeda e figuras como o Mulá Nasruddin e os mestres Zen do Oriente”.

A capa de Abbey Road foi idéia de Paul e o design gráfico do diretor de arte da Apple,  Kosh. A foto é de Iain Mcmillan, e levou cerca de 10 minutos para ser feita, em 8 de agosto de 1969, as 10 : 35 hs am. É uma das imagens mais famosas de todos os tempos e uma das mais copiadas.
Mas essa história fica para outro post!











segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O livro dos abraços


Título Livro: O Livro dos Abraços
Autor: Eduardo Galeano
Selo: Coleção Letras Natalenses
Preço médio do livro: R$ 25.00
Disponível em PDF aqui





No seu livro o autor constrói um mundo imaginário a partir das suas afeições por pessoas com quem partilhou a vida e por lugares que o hospedaram nesta viagem. Este é o sentido do abraço. Abraça o mundo, abraça a vida, abraça a cada um de nós. Um enorme abraço feito de fragmentos belos e duros já que emocionam, apaixonam, mas também enraivecem, por isso que a editora alerta: “Abra este livro com cuidado: ele é delicado e afiado como a própria vida. Pode afagar, pode cortar. Mas seja como for, como a própria vida, vale a pena”. O autor mostra que a história pode ser contada a partir de pequenos episódios onde não necessariamente deva haver repentes de heroísmos, mas tenham, sim, de refletir a paixão dos homens pela vida e pelos outros homens.




Trechos:

“Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca”

O adeus dos sonhos
"Os sonhos iam viajar. Helena ia até a estação do trem. Da plataforma,
dizia adeus aos sonhos com um lencinho "

Os ninguéns
As pulgas sonham com comprar um cão, e os ninguéns com deixar a
pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte
a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca,
nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e
mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o
ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e
mal pagos:
Que não são, embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais
da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.


O diagnóstico e a terapêutica
O amor é uma das doenças mais bravas e contagiosas. Qualquer um
reconhece os doentes dessa doença. Fundas olheiras delatam que jamais dormimos,
despertos noite após noite pelos abraços, ou pela ausência de abraços, e padecemos
febres devastadoras e sentimos uma irresistível necessidade de dizer estupidezes. O
amor pode ser provocado deixando cair um punhadinho de pó de me ame, como por
descuido, no café ou na sopa ou na bebida. Pode ser provocado, mas não pode
impedir. Não o impede nem a água benta, nem o pó de hóstia; tampouco o dente de
alho, que nesse caso não serve para nada. O amor é surdo frente ao Verbo divino e
ao esconjuro das bruxas. Não há decreto de governo que possa com ele, nem poção
capaz de evitá-lo, embora as vivandeiras apregoem, nos mercados, infalíveis
beberagens com garantia e tudo.

O medo
Certa manhã, ganhamos de presente um coelhinho das índias. Chegou
em casa numa gaiola. Ao meio-dia, abri a porta da gaiola.
Voltei para casa ao anoitecer e o encontrei tal e qual o havia deixado:
gaiola adentro, grudado nas barras, tremendo por causa do susto da liberdade.

O sistema/1
Os funcionários não funcionam. Os políticos falam mas não dizem. Os
votantes votam mas não escolhem. Os meios de informação desinformam. Os
centros de ensino ensinam a ignorar. Os juizes condenam as vítimas. Os militares
estão em guerra contra seus compatriotas. Os policiais não combatem os crimes,
porque estão ocupados cometendo-os.
As bancarrotas são socializadas, os lucros são privatizados.
O dinheiro é mais livre que as pessoas. As pessoas estão a serviço das
coisas.


A televisão/2
A televisão mostra o que acontece? Em nossos países, a televisão mostra
o que ela quer que aconteça; e nada acontece se a televisão não mostrar.
A televisão, essa última luz que te salva da solidão e da noite, é a
realidade. Porque a vida é um espetáculo: para os que se comportam bem, o
sistema promete uma boa poltrona.

A televisão/3
A tevê dispara imagens que reproduzem o sistema e as vozes que lhe
fazem eco; e não há canto do mundo que ela não alcance. O planeta inteiro é um
vasto subúrbio de Dallas. Nós comemos emoções importadas como se fossem
salsichas em lata, enquanto os jovens filhos da televisão, treinados para contemplar
a vida em vez de fazê-la, sacodem os ombros.
Na América Latina, a liberdade de expressão consiste no direito ao
resmungo em algum rádio ou em jornais de escassa circulação. Os livros não
precisam ser proibidos pela polícia: os preços já os proíbem.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

DÉJAME


DÉJAME sueltas las manos
y el corazón, déjame libre!
Deja que mis dedos corran
por los caminos de tu cuerpo.
La pasión —sangre, fuego, besos—
me incendia a llamaradas trémulas.
Ay, tú no sabes lo que es esto!

Es la tempestad de mis sentidos
doblegando la selva sensible de mis nervios.
Es la carne que grita con sus ardientes lenguas!
Es el incendio!
Y estás aquí, mujer, como un madero intacto
ahora que vuela toda mi vida hecha cenizas
hacia tu cuerpo lleno, como la noche, de astros!

Déjame libre las manos
y el corazón, déjame libre!
Yo sólo te deseo, yo sólo te deseo!
No es amor, es deseo que se agosta y se extingue,
es precipitación de furias,
acercamiento de lo imposible,
pero estás tú,
estás para dármelo todo,
y a darme lo que tienes a la tierra viniste—
como yo para contenerte,
y desearte,
y recibirte!





Pablo Neruda

dois...

Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente...
...Sempre...
...A se olharem...
Pensar talvez:
“Paralelos que se encontram no infinito...”
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.



Pablo Neruda
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