quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Chico Buarque - Show


Passei a semana inteira sem comer praticamente nada, de tão nervosa que eu estava. Um milhão de borboletas no meu estômago, ansiedade monstra.
No sábado quando acordei, (eu quase nem dormi), fui para Curitiba, com meu coração pulando na cama elástica. 
Curitiba, tudo lindo, encontrei minhas amigas, e ficamos esperando em um banco da praça Tirandentes a hora de abrirem as portas... Naquele momento, muitas coisas passaram na minha cabeça, ainda era muito surreal pra mim. Não acreditava que o Chico Buarque estava ali do outro lado da rua, e que eu iria vê-lo, depois de anos e anos ouvindo sua voz, nas fitas cassete do meu tio, nos discos da minha mãe, nos cds das minhas primas, nos meus downloads! Pensei em cada geração de fãs do Chico, o contexto histórico em que estavam inseridos, o que cada canção desperta em cada um... e nisso iam chegando no show, senhoras, senhores de idade mais avançada, mas muitos, muitos jovens também. Acho que um artista bom, é assim mesmo, NUNCA morre, sempre permanece nas pessoas, sempre toca nas rodinhas de violão, sempre é citado nas cartas de amor, pixado nos muros... eu mesmo, tenho uma música do Chico para cada situação!



Chegou a hora do show, achei meu lugar, sentei do lado de um casal de meia-idade, que provavelmente teve as canções do Chico como trilha sonora da sua história, e de um jovem com cabelo black-power, sozinho.
Eu ainda não acreditava que estava ali, só me dei conta quando uma voz anunciou: ".... apresenta: Chico Buarque, na turnê CHICO" e ele entrou, lindo, com uma energia incrível e uma presença única, preenchendo muito elegantemente todo aquele teatro. CHOREI, CHOREI muito, a "ficha caiu" eu estava ali, limpando o nariz e as lágrimas no casaco que minha mãe emprestou! 



ELE ESTAVA ALI, um Chico desenhado para todos os apaixonados, para todos os aflitos, para todos os sentidores.
Cantou canções que eu nem imaginava que ele fosse cantar... Baioque, Cálice (homenagem a Criolo Doido), Teresinha, O meu amor, Injuriado, Geni e o Zeppelin (que me arrepiou dos pés a cabeça!), Bastidores entre outras tão lindas quanto. 

As músicas do novo álbum, foram cantadas com o Chico mas apaixonante e apaixonado, com o coração de bem-me-quer, e o sorriso mais sincero do universo, tão lindo, que até errou a letra de "Essa pequena"

"Meu dia voa e ela não acorda
Vou até a esquina, ela quer ir pra Flórida Budapeste!"

Ele voltou duas vezes para o 'bis', o que me alegrou e acalmou um pouco meu coração desesperado, "Chorei, chorei, até ficar com dó de mim".  
Saímos pelas ruas de Curitiba, procurando um bar, passamos por um praça, uma floricultura, mendigos, pessoas buscando amores fáceis, prostitutas e paralelepípedos, e eu, tinha a certeza que quem olhasse para nós três ali, saberia que estávamos com um pedaço do Chico dentro da bolsa, e um coração bem preenchido, naquela noite. 
Voltei para casa muito, muito feliz, feliz por tê-lo visto, e triste, porque temo que tenha sido a primeira e a última vez. 

Sugiro que quem tiver interesse assista os vídeos do show no Youtube, e também que leiam o post sobre o show no Aponta pra fé e rema.


Pedaços de um show maravilhoso:


"Quando eu choro é uma enchente surpreendendo o verão
É o inverno, de repente, inundando o sertão
Quando eu amo
Quando eu amo, eu devoro todo meu coração
Eu odeio, eu adoro, numa mesma oração, quando eu canto"

"Se eu só lhe fizesse o bem
Talvez fosse um vício a mais
Você me teria desprezo por fim
"

"O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz"

"Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu"

"O terceiro me chegou
Como quem chega do nada:
Ele não me trouxe nada,
Também nada perguntou.
Mal sei como ele se chama,
Mas entendo o que ele quer!
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher.
Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não,
Se instalou feito posseiro
Dentro do meu coração"

"Foram tantos os pedidos,
Tão sinceros, tão sentidos,
Que ela dominou seu asco"

"Amaldiçoei
O dia em que te conheci
Com muitos brilhos me vesti
Depois me pintei, me pintei
Me pintei, me pintei
"

"Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
"

"Às vezes ela pinta a boca e sai
Fique à vontade, eu digo, take your time
Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas
O blues já valeu a pena"

"Não sei por que
Somente agora você vem
vem para embaralhar os meus dias
e ainda tem, em saraus ao luar
meu coração, que você sem pensar
Ora brinca de inflar
Ora esmaga
Igual que nem, fole de acordeão
tipo assim num baião do Gonzaga"

"Ah, se eu pudesse não caía na tua
Conversa mole outra vez
Não dava mole a tua pessoa,
Te abandonava prostrado aos meus pés,
Fugia nos braços de um outro rapaz.
Mas acontece que eu sorri para ti"

"Hoje a cidade acordou toda em contramão
Homens com raiva, buzinas, sirenes, estardalhaço
De volta a casa, na rua recolhi um cão
Que de hora em hora me arranca um pedaço
"






<3





4 comentários:

  1. Ficar quase sem comer... isso que é amor..rs.
    Att.,
    Luks

    ResponderExcluir
  2. Chico é fundamental para o Brasil...

    José Paes de Almeida Nogueira Pinto, Botucatu, SP.

    ResponderExcluir
  3. onde mora essas meninas que curtem chico buarque, não pode ser brasil.

    ResponderExcluir