terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A arte da Impermanência

É inevitável ver as coisas se diluírem um dia, dói... dói muito, mas a dor pior é a dor da permanência.
Pessoas queridas e amadas, não o deixam de ser porque estão distantes ou porque se foram. Saber que as coisas não são para sempre nos faz valorizar muito mais tudo que temos, e todos que amamos.
É preciso deixar que as coisas fluam, que as coisas mudem de lugar, para dar lugar a outras. Nossa vida não é, e não pode ser estável, imutável, isso não rende literatura. 

É difícil ficar longe de certas pessoas, às vezes insuportável, insustentável...
Mas acho que somos assim porque somos egoístas, o ser humano tem essa terrível mania de querer prender passarinho na gaiola... Claro, que amamos muito esses passarinhos, metaforicamente falando, mas amor não prende, não possui, amor é deixar partir, é desprender-se, é liberdade, é não se sentir sozinho porque os pássaros migraram para o sul.
Que tal fazer as pazes com o mundo, e aceitar a impermanência das coisas? Apenas contemplar o fato de que as coisas no fundo no fundo não nos pertencem e que não podemos alterar o fluxo dos acontecimentos, que um dia vamos morrer, que muitas e tantas vezes, nossos desejos e nossos apegos são nossos maiores inimigos, traz um profundo sentimento de tranqüilidade.

Para os budistas, essa nossa realidade firme e concreta, feita de acontecimentos e de certezas é um sonho. Na contramão de todas as aparências, o mundo das coisas, não é tão sólido assim.  

"A vida é uma série infindável de manifestações, um fluxo constante de criações, transformações e extinções, um constante vir a ser. (...)"  
Georges da Silva - Psicológico do budismo.


Impermanência (Anicca) - Absolutamente todas as coisas são compostas, e tudo o que é composto se decompõe, se desmancha. Tudo o que é agregado se desagrega. A realidade no sentido Budista é a impermanência. As gentes não aceitam a impermanência. Queremos ter o que tínhamos e não temos mais. A impermanência nos mostra que não devemos nos apegar ao que tínhamos, mas sim ao que somos, neste minuto, neste segundo, aqui e agora, e sempre com a devida responsabilidade.

Um comentário:

  1. Concordo, acho que perder as pessoas que amamos faz parte, assim como morrer faz parte de viver. Por isso temos essa tendência a amar o que não podemos ter, o que sabemos que vamos perder. Precisamos da perda, do medo da perda, da saudade e da dor, porque nós também somos perecíveis, efêmeros, ser humano é isso!
    :)

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