segunda-feira, 6 de junho de 2011

enquanto o ônibus não vem

eu me apaixono todo dia,
uma música,
um lugar,
uma pessoa,
eu me apaixono todo dia.
Tenho uma coleção de paixões, uma coleção de pontinhas de lápis de cor, uma coleção de ex-namorados, uma coleção de garrafas que aparecem na minha bolsa depois da madrugada, uma coleção de músicas, de frases, de sonhos que fazem fila para serem sonhados, e muitas coleções de coleções.
Cada dia eu penso em fazer uma tatuagem diferente, e cada dia eu mudo de ideia e digo "pronto, é essa e fim", mas no outro dia eu mudo de ideia e penso em outra que era mais incrível que a do dia anterior, que por sua vez era mais linda do que a de antes de ontem, que era mais maravilhosa que a de semana passada e resumindo: eu nunca fiz uma tatuagem por isso.
Eu mudo de roupa, de sapato e de opinião todo dia, e tudo que é para sempre me assusta. Nunca consegui ficar mais de 6 meses com um cara, nem com o mesmo corte de cabelo. Cada vez que eu termino um relacionamento, eu corto o cabelo (isso explica porque meu cabelo é curto, e porque eu corto todo mês).
Conheço muitas pessoas interessantes, que me entendem, que gostam dos mesmos filmes que eu, que não vão embora quando eu preciso que elas fiquem, que não comem carne e que sorriem na segunda-feira de manhã. (Mas eu também conheço pessoas que existem.)
Tenho medo quando as coisas dão certo, tenho medo do sentido horário, tenho medo do testado e aprovado pelo INMETRO, tenho medo da polícia, dos advogados e de perder a comanda no bar.

O ônibus chegou, beijos.


foto: Regi Dani

5 comentários: