sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Graveola e o Lixo Polifônico


Graveola e o lixo polifônico é uma oficina de experimentação, uma caixa de possibilidades poético-sonoras. São improvisadores capengas, falsários poliformes: tudo é referência na colagem musical do grupo. Das aproximações insólitas, o choque. Reagem os nomes: estética do plágio, pós-tropicalismo, culinária sonora, barroco-beat. Para além dos inúmeros rótulos auto-intitulados, mais importa a fertilidade plástica das imagens da lixofonia, o infindável e redobrável slogan que lhes constitui a lírica. Dos sotaques refinados ao kitsch, o lixo polifônico sequestra a legibilidade vomitada do pop e incorpora tudo ou qualquer coisa como ferramenta sonora, mistura o fino e o grosso a ponto de torná-los indistinguíveis. “Eis o liquidificador, o totem”


Ou...

Graveola e o lixo polifônico é um bom exemplo da mistura refinada que constitui a música brasileira. Irreverentes e atrevidos, múltiplos e desajeitados, seu trabalho é uma oficina de experimentação, uma caixa de possibilidades poético-sonoras. São improvisadores capengas, falsários poliformes: tudo é referência na colagem musical onde descontrole e acaso vêm à tona e gritam por espaço. É a estética do plágio, o humor levado a sério. Reciclar o lixo, misturar o fino e o grosso a ponto de torná-los indistinguíveis.

Do sotaque refinado do samba e da MPB ao amaldiçoado kitsch do axé e do sertanejo, o lixo polifônico sequestra a legibilidade vomitada do pop e incorpora tudo ou qualquer coisa como ferramenta sonora. Do lirismo ao escracho, os sentidos multiplicados, ou a total falta de sentido. Pianolas e apitos de brinquedo, utensílios domésticos: a idéia é deglutir e incorporar a tudo e a todos sem distinções. Implosão de rótulos, aproximações insólitas, absorções irresponsáveis: é a fertilidade do lixo “em que se plantando, tudo dá”.


Trilha sonora do mês :) que por sinal é do meu aniversário. 

 minha graça, não desfaça
seja tudo, tudo e nada
pense, invente, o que quiser será
mundo cão
mundos são
papéis desencadernados
sonho que veio virar poesia



amanheceu e a manhã será como ontem, ante o ontem, outros dias iguais
e se o longe existir eu sou maior do que a distância pode ser nesse lugar
mais vivo que um azul de amanhecer
eu quis ver
você chegar e me trazer o sol
pois de que vale o sol sem ter lugar?
e o meu lugar é o sol que você traz
eu quis ver
o sol chegar e me trazer você
você chegar e ser o que eu nem sei
dizer em dois o que eu não sou num só



antes o meu mundo era menor
depois de ensolarado cheguei a pensar num desvio de tom
(tantos caminhos possíveis depois que o sol já se foi)



escutem meus caros, escutem!

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